A vida em caixas

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Breve, muito breve, estarei de casa nova. Vida nova.

O oceano de plástico-bolha denuncia o movimento.

Ao embalar cada objeto, repasso páginas e páginas de minha história.

Tanto caminhado. Tanto a caminhar.

Uma certa tristeza formando  pequenas poças no papel de embrulhar.

Respiro fundo, o cheiro de papelão inunda toda minha alma.

Com cuidado, envolvo os copos onde brindei. Os pratos onde nutri. As fotos , algumas tão anacrônicas. Os livros de poemas, meu esqueleto.

Cada móvel, um porto seguro onde morei.

Apesar do pesar e saudades do tempo antigo, sigo na lida de organizar tudo, cada coisa em seu lugar.

A vida guardada em caixas, futuro em gestação.

 

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