Amar é uma habilidade

 Em amor, amor próprio

Ser feliz dá trabalho.
E entre tantas lutas da vida, nada requer mais esforço do que  o amor.
Descobri recentemente: amar é uma habilidade.
Foi uma revelação.
Pensava que o amor era um sentimento que brotava assim meio sem querer e que tínhamos que cultivar. Mas não havia me ocorrido que amar é uma habilidade.
Destas em que ficamos craques depois de 10.000 horas de prática, como diz Malcolm Gladwell. Ou em que seremos aluno repetente, se não fizermos os deveres de casa.
Amar também é destas coisas que não dependem só da gente. É o tal do amor correspondido.
Podemos amar alguém até nosso coração ficar rouco.  Mas não podemos forçar a recíproca.

Amar é uma  habilidade.
Não podemos fazer com o outro nos ame.

Assim, acordei esta manhã meditando sobre como o verdadeiro amor é uma dádiva rara.

Algo que nos requer atenção e esforço constantes.  Mas não depende só de nós.
E esta magia e mistério de ter alguém querendo o mesmo, me despertou gratidão.

São dois remadores, remando um ao encontro do outro, em meio á corrente voraz da vida:  mal-entendidos, mágoas, cansaços, distrações.

Basta um remador se cansar e se perderão no torvelinho da vida que segue.

Não falo só do amor romântico, de casal.
Falo de amor entre irmãos, entre mãe e filhos, entre amigos.
O amor que se reconcilia.
O amor que se reconstrói, tijolo a tijolo.
O  amor pelo outro de quem acabo de conhecer a história.

Mas também assaltou o meu peito a dura realidade:  De que não importa o tamanho do meu amor ou as boas intenções. Se o outro não quiser ou não puder me amar.  Nada feito.
E percebi que há amores que cultivei teimosamente, remando mais forte e mais rápido para alcançar um outro que não estava ao meu alcance.
E quando cansei de remar….
O amor se desfez, como uma flor negligenciada em meio ás ervas daninhas.

Entre esta realidade inexorável de que o amor é uma dádiva, mas que também se perde com relativamente facilidade, fica um espaço.

E senti fundo em mim que só uma coisa preenche este vazio do medo de não ser amado. Do medo de amar á  toa…

E esta coisa é o amor maior, o amor por nós mesmos. Conhecer nossas piores sombras e ainda assim não desistirmos de nós.
Para sobrevivermos a tanto amor e desamor.
Portanto, meus amigos, vistamos nossa máscara de oxigênio e tomemos os remos. Há muito o que amar.

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Showing 5 comments
  • Patricia
    Responder

    Nem sempre concordamos em tudo, nem sempre concordamos em parte, mas eu assino em baixo de cada palavra, vírgula e sentimento aqui expresso e exposto.

  • Responder

    Perfeito Leticia! Ter consciência dessa habilidade, traz a vontade de continuar treinando.
    Obrigada.

  • L
    Responder

    O amor é uma virtude e a alegria é fruto desta virtude (frase retirada do livro "Por que a alegria?")

  • Lucrecio Brasil
    Responder

    Gostei muito desta imagem de um esforço conjunto. Tem um pouco daquele espírito do frescobol de jogar para o outro acertar.

    Também gostei do final quando você fala do amor por nós mesmos. É como se fosse um exercício para nos mantermos sempre abertos para o amor, independente das experiências bem ou não tão bem sucedidas.

    Como o coração é um músculo, vamos criando esta "memória muscular" do amor. Apurando o nosso reflexo para perceber os tempos e remar em sincronia.

  • Thaís Teixeira
    Responder

    muito bom querida…me fez refletir e acebei enviando o seu texto para o meu pai… beijos!

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