Joelhos ralados

 Em coragem, gratidão, resiliência

Há tempos, escrevi sobre a dura experiência de enfrentar uma frustração.
Recentemente, passei por uma situação difícil, o que sempre acorda reflexões em mim.
Fui reprovada em um exame importante.
Um pouco mais áspero que outras perdas, pois o caráter de uma prova não deixa dúvidas.  É sim ou não.
E foi não.
Um duro golpe.
Na hora, me desarmei. Chorei, desconsolada. Desesperei-me com a perspectiva de repetir o ciclo em seis meses.  Enfrentar tudo de novo.
Lembrei-me de outros momentos assim. O ano em que fui reprovada na escola. Fazer o teste de direção por três vezes, até passar. Lá estava eu, novamente “fora do sistema”.

No entanto, algo foi diferente.  Desta vez, não fiquei culpando a mim ou aos outros.  Não perdi tempo com lamentações do que não foi e poderia ter sido.

Com muita humildade, reconheci o que faltou.  Meu diagnóstico era claro. Sou meio avessa a processos e métodos estruturados, justamente o que este tipo de exame testa… Mas é preciso saber destes conteúdos, no destino que escolhi. Reconheci que não estava suficientemente preparada.

Escolhi persistir. Sim, acho importante atravessar este portal, então atravessarei.

Pude perceber, com gratidão, a gentileza das avaliadoras, a generosidade e pontualidade de meu parceiro nesta aventura.
E esta gratidão me consolou.

Ao ser protagonista de meu  próprio fracasso, me permiti estar vulnerável e esta vulnerabilidade chamou empatia. Empatia dos amigos, das profissionais envolvidas, da família.

E esta empatia neutralizou minha vergonha (como bem me ensinou Brené Brown).

Um pouco mais animada, pensei alternativas. Praticar.  Usufruir da supervisão extra que terei.

Agi, conclamando voluntários para me ajudar. Já são quase quinze, em dois dias. No final, esta “derrota” bem pode me abrir novas e inesperadas parcerias.

Mas no meio de tudo, progressos à parte, percebi minha tristeza ali, bem quieta e funda.
E fiquei com minha tristeza. Me acompanhei, com carinho e paciência.

Pois sim, é possível atravessar o tombo, aprender com ele. Mas também é preciso acolher nossa vontade de que tivesse sido mais fácil, o desfecho fosse outro.  A tristeza pelo que poderia ter sido e não foi.

Sigo em frente, cada vez mais confiante de que em janeiro atravessarei este portal. Mas também abraço minha tristeza, memória de que sou humana e preferia estar celebrando minha aprovação.

Olhando o trajeto, sinto orgulho e gratidão pelo aprendizado.
Não estou só e é apenas o começo.
Muito sim me aguarda, na trilha aberta por este não.

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