O tempo é bom

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Leonardo, hoje você faz quinze anos.
2020 tem sido um ano bem único.
Neste seu aniversário, te ofereço um presente bem meu. O olhar apreciativo sobre o que aperta e amassa nosso coração na esperança que seja cura de mãe para filho (ou seja, amor).

Estamos em resguardo há mais de dois meses. Sei o quanto te custa, meu geminiano de pés voadores e braços longos. Sei que a saudade dos amigos é grande, a vontade de ir para longe da barra da minha saia… Para ser autêntico, livre e leve, todas estas coisas que você busca e faz tão bem.
Este resguardo é um bem que fazemos ao mundo, meu filho. Quando ficamos em casa, cuidamos de suas avós e seu avô. E dos avôs e avós de outras pessoas. Honramos o trabalho duro de profissionais da saúde, da limpeza, de pessoas que mantém os serviços mais essenciais. Damos uma lição sobre democracia e liberdade, que jamais devem estar contra o bem estar comum e devem se alicerçar na Arte e na Ciência para que haja beleza e evolução da Humanidade.

A vida não é justa, eu sei. Em janeiro você se despediu do tio Caio. Tão jovens. Ele e você.
Apenas quinze anos e já se despediu também do avô e da bisavó. É duro.
E por a vida não ser justa, é tão importante ter no mundo pessoas como você, coração de leão. Quando fazemos o bem, transformamos fel em mirra (fel é algo bem amargo e mirra é uma erva que purifica).
Fazemos isso quando somos bons amigos de nossos amigos e quando respeitamos e cuidamos das pessoas, inclusive nossa irmã mais nova que nos tira do sério. Quando o fazemos, o mundo fica melhor e portanto a injustiça dói menos. Mas dói.
E aí, é importante sempre cuidar da gente e de nossos sentimentos.
Se estamos como raiva, olhar bem no olho da raiva e perguntar: por que você está aqui? O que preciso fazer para te aplacar?
Se estamos tristes, olhar no coração da tristeza e falar:  tudo bem você estar aqui. Eu estou aqui também.   Tenho espaço para você dentro de mim.
Se estamos felizes, prestar atenção no que nos faz felizes, para sempre cuidar do fogo que alimenta esta alegria como o mais precioso tesouro.
Eu faço o meu melhor para ser uma boa mãe. Comecei escolhendo um bom pai para você e me deixando ser escolhida por ele também. Faço comidas gostosas, dou as broncas necessárias e, muita vezes, as desnecessárias. Aí eu tento olhar para a minha imperfeição como mãe para me melhorar, sim. Mas sobretudo para te contar como a gente é imperfeita mesma e é impossível impedir um tropeço ou outro. Porém é possível tentar ser melhor, pedir perdão e dar risada de si mesma.
15 anos e vejo você buscar suas asas, construir a pessoa que você é. Espero sempre te dar espaço para isso, mas mesmo quando parecer apertado, eu sei que você tem a potência para sair e descobrir o mundo. Eu lembro bem do dia em que você nasceu e foi assim mesmo.
Eu queria te ensinar tudo que eu sei e não sei, eu queria te proteger de todo o mal, eu queria que a sua vida fosse mais linda do que a melhor história do mundo.
Mas meus superpoderes de mãe, são limitados. Então eu te ofereço meu colo, minha humildade, minha experiência, minha crepioca de manhã, as partidas de buraco. E sei que de vez em quando escapa um grito, então eu te ofereço minha vulnerabilidade e consciência de que por mais que eu busque acertar, erro feio e com frequência.
Pode faltar tudo, mas amor por você nunca. Porque eu não posso te prometer um monte de coisas e você agora já sabe que a vida é incerta e tudo pode virar de cabeça para baixo. E você ter que usar máscara ainda por cima. De cabeça para baixo e tudo.
Mas amor sempre, grande e fundo, isso posso te prometer.
Quando sua irmã estava para chegar, eu li e reli o livrinho que dizia que meu amor não era como bolo, que a gente parte em pedaços e um dia acaba.
Meu amor se multiplica.
A cada dia que vejo você esticar mais um centímetro e a voz engrossar mais um tom. A cada dia em que você sorri, chora ou fica bravo. A cada dia.Todo dia.
Hoje vai ter bolo fondant da Táta, brigadeiro, beijo e abraço.
A vida é assim. Brindamos com o que temos para hoje.
Sou grata por ter você. Este milagre que saiu da minha barriga e hoje quase não cabe no colchão. Mas que sempre será meu primeiro filho, minha maior estreia, um bem que eu trouxe para o mundo.
A vida pode ser injusta muitas vezes. Mas nem me importo. Numa vida onde há você, vale muito a pena viver.
E eu vivo assim, incansavelmente tentando deixar este mesmo mundo um pouco melhor para você.(e sua irmã, sem ciúmes, ok?).

Te amo, Léo.
Feliz Aniversário.

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Comments
  • Laís Pasqua
    Responder

    Oi Letícia, que linda homenagem!! Amor de mãe, amor puro, amor único. O Léo merece tudo de incrível nessa vida!!! Mil celebrações e conquistas!! Grande beijo

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