Para compreender Capricórnio

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Onde se esconde o coração de uma capricorniana? Desavisados podem pensar que em lugar nenhum, porque não há. Ledo engano.
Somos sempre exaltadas pelo amor ao trabalho, determinação, foco e resiliência. E sempre criticadas pela dureza, teimosia, praticidade, concretude.
Mas Capricórnio tem um coração, acreditem.
Um coração muitas vezes solitário, pois sonhadores atraem mais admiradores do que os pragmáticos.
E há poesia em Capricórnio. Uma poesia por vezes ácida e melancólica, mas ancorada numa chama de esperança. Afinal, seguimos. E seguimos.
A poesia do apreço pelo esforço, especialmente quando a paga é pedra e não ouro.
Um entendimento de que este dia passará, mas depois virá outro que pode ser igualmente ruim. Ou não.
Uma incapacidade de edulcorar a vida, pois no fundo sabe que nosso destino é o pó e a trilha até lá há de ser árida.
Um jeito um pouco brusco no amar, impaciente com bordados e tramas, pois a vida urge lá fora e aqui dentro.

Capricórnio gosta de riqueza, mas o dinheiro é uma boa ajuda para um coração generoso. Portanto, por que não?

Incompreendida, criticada, questionada, a capricorniana segue estóica com sua carga. Trabalho muitas vezes silencioso que é o sustento de tantos.

Voltemos ao coração vulnerável da capricorniana.
A mesma vontade de amar, o mesmo desejo de largar tudo e simplesmente ser feliz por aí. O mesmo cansaço depois de um novo dia de escaladas.
Mas ali dentro, o senso de dever, o medo do fracasso, as cicatrizes pulsando.
Capricórnio é humano. Tem fome, sede, quer colo e reconhecimento.
Debaixo dos pelos grossos, dos chifres tortos, da voracidade: uma pele macia e rosada, sangue quente, vísceras moles.

Eu sei, você que me conhece, pode desdenhar destas palavras. Você é uma sonhadora e sociável, Leticia. Que papo é este?

A quarentena (re)inaugurou solitudes inéditas. E reencontrei a menina estranha, capricorniana, que habita em mim.

Após anos disfarçada sob o ascendente Aquário e nos muitos Sagitários, emerge minha eremita, avessa a multidões. Tarefeira como só, encontrando consolo no trabalho e motivação na rotina. Cá estou eu, uma capricorniana em isolamento social.

Mas com coração. Um largo, amplo e desolado coração.

Para Daniela Belmiro. Parceira de diálogáudios interoceânicos.

A imagem do post é de seu belíssimo trabalho no Desdicionário, disponível nas principais mídias sociais e agora em >LIVRO TAMBÉM.

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Showing 2 comments
  • Juliana Carvalho
    Responder

    Amei seu texto, Lê. E, como capricorniana, me identifiquei MUITO. Obrigada! beijos

    • Leticia Carneiro
      Responder

      Vamos adiantes com nossos corações bem vermelhinhos pulsando!

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