Uma vela na escuridão

 Em propósito

Há algum tempo já me dei conta: 2020 é o início de uma nova etapa no Viver Mais Simples.

Lá atrás, era sobre simplificar, viver com propósito, respirar.

Foi amadurecendo e se ampliando.  Cinco anosOito.

E agora, dez anos. Completos em dezembro passado.

No começo eu escrevia sobre meu dia a dia. Em seguida, sobre o novo trabalho e a jornada de autoconhecimento. Mais recentemente, para digerir a perda de meu pai, o fim de meu casamento, a perda de meu irmão.

E agora, para dar sentido a tudo isso que acontece e atordoa, mas também expande, aprofunda e amadurece.

Para recuperar o fôlego, fui buscar uma das primeiras práticas do Viver Mais Simples. O Por que não?

Assim encontrei Regina Rapacci e seu belo projeto Janelas de Conversa. E durante algumas horas e em companhia de mulheres valentes, mergulhamos no conto Barba Azul, do livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés.

Esta história já esteve comigo outras vezes. Num grupo de Estudos, onde aprendi muito sobre as vozes de dentro e fora que tentam vencer nossa intuição. No livro da Eliza Morenno, editado pela Quase Oito e ilustrado pela Lina, cuja beleza pude honrar no prefácio.

E agora.

Cada vez que lemos um conto (e certas histórias são fundamentais para mapear nossas ferramentas mais poderosas), nosso olhar e coração se acendem com algo.

Desta vez, com duas passagens:

“Estava escuro, logo acenderam um vela” e  a parte onde a protagonista aguarda “os irmãos” que venceriam Barba Azul.

Fiquei com estes dois recortes, de tudo (e é muito, quem conhece a história, sabe).

Saí do encontro cansada e emocionada. Sim, são tempos escuros. Apenas tateamos, desajeitadamente.

Mas a força de uma vela é muita. E a força de cada vela somada, transformadora.

Lembrei-me de uma de minhas clientes maravilhosas, Mônica Caram. Ela faz velas. A que ilustra este texto foi um presente dela.

A beleza e calma que emanam de uma vela tem a potência de mil sóis e a suavidade de um vaga-lume.

Meu propósito vem se renovando ao longo dos anos. No começo, “Ajudar as pessoas a frutificarem, sendo felizes”. Depois, “Despertar com palavras o florescer do outro”. Mais recentemente, ajudar cada um a espraiar suas asas E agora, também e ainda em lapidação “Cuidar para que o mundo tenha mais luz”. Ao compartilhar a  luz de minha própria vela.  Ao contribuir para cada um encontrar e cuidar se sua própria vela. A centelha que todos temos. Para que brilhemos e iluminemos o mundo. E cumpramo-nos como seres humanos.

Lá no encontro da Regina, me comovi de verdade com a potência desta luz emanada quando nos reunimos e confiamos (que é fiar juntas).

Mas é preciso coragem. E aí invoco “os irmãos”. Nossa persistência. Nossa disciplina. Nossa força.  Eles virão, se acreditarmos. Eles virão, se os chamarmos.

Vela em punho, invoquemos dentro de nós. E fora de nós. Cada irmão.

E nestes tempos de incerteza, perdas e sofrimento, eu te ofereço minha vela. Na esperança que este fogo possa te ajudar a acender a sua.

E então serão muitas.

E triunfaremos sobre este tempo de sombras.

 

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