O tempo presente
Meu marido guardou uma flor do casamento do meu irmão, onde fomos padrinhos.
Pensou em aguardar uma data especial e presentear os noivos com uma relíquia única, por tantos anos esperando a hora exata de ser compartilhada.
Passaram-se dez anos, o casamento acabou.
A flor seca ficou ali, mais seca que nunca. Tornou-se sem sentido.
Que lição valiosa aprendemos.
Contar com o amanhã, quando somente temos hoje nas nossas mãos.
Para que guardar a melhor louça, a roupa de sair?
A declaração de amor, o pedido de perdão, a expressão de revolta ou tristeza?
Para que guardar nossos sentimentos esperando a hora perfeita, que pode bem não chegar?
Com tristeza, enterramos a flor seca no lixo da cozinha.
Mas também com gratidão.
Pois desta despedida, veio uma urgência em não deixar mais nada guardado.
Amor, gratidão, diferenças a resolver.
Tudo isso pertence ao presente.
Não deixemos envelhecer nada em nosso coração.
Não adiemos o que é essencial, sumo da vida.
Amar é agora. Perdoar também.
O amanhã pode ser nunca.