Viver Mais Simples

Recordando Carlos Drummond de Andrade

Há semanas venho ensaiando um texto sobre Steve Jobs. Está quase pronto, mas ainda falta.
No meio deste processo, soube do aniversário de 109 anos de Carlos Drummond de Andrade.
De repente, meu peito acendeu-se e as palavras vieram fáceis.

É muito provável que todo este blog seja uma versão mal-escrita de sentimentos já narrados por Drummond.
Minha vida é permeada por sua poesia desde muito.  Lembrar que ele está morto doeu profundamente. Como se fosse ontem.
Minha homenagem foi escolher alguns poemas que ecoam no meu Viver Mais Simples. Poemas que vieram praticamente ao meu encontro quando folheava minha estimada coleção de livros dele, tamanha a familiaridade que sinto com seus poemas.
Deixo minha antologia pessoal enlaçada com a filosofia deste sítio (como diria Sérgio Léo,que aliás escreveu belo texto sobre Drummond recentemente).

Sobre a (pa)maternidade
Não era mãe quando comecei a ler Drummond, mas encontro abrigo nele no caminho incerto de tentar não complicar muito a vida de um filho…
A aceitação de que fazemos nosso possível, que nosso maior presente é o amor… Assino embaixo, entre aliviada e exausta.
Portanto, eis minha seleção de poemas para mães e pais em construção (quais não o são?):

 – Diante de uma Criança, Farewell

Distinção, Menino Antigo 

Ser, Claro  Enigma 

Memórias Felizes
Como eu, Drummond tinha raízes fundas. Honrava sua terra, sua família e, claro, inevitáveis maldições.  Sinto-me conectada com este desejo de estar lá e seguir aqui, juntando memória e futuro, num presente intenso. Meus favoritos:

 – Infância, Sentimento do Mundo

MemóriaClaro  Enigma 

Escrever
Escrever para mim é uma janela para dentro e fora. Forma de estar comigo e com o mundo.
Desde cedo a impressão indelével de Drummond e seus escritos faz parte dos meus ossos de escritora. Algumas delícias:

PoesiaSentimento do Mundo

Papel, As Impurezas do Branco 

Canção Amiga, José 

–  O LutadorJosé   

Coragem
Drummond sempre me pareceu um crítico duro da vida. Duro e amoroso, duro e sensível.  Muita coragem em mostrar-se, muita coragem em não ser mais um poeta de ilusões, de banalidades, de um mundo cor-de-rosa. Identifico-me com esta coragem.
Alguns textos assim, contundentes e corajosos:

– SegredoSentimento do Mundo

Os Ombros Suportam o MundoSentimento do Mundo 

Essas Coisas, As Impurezas do Branco 

Único, As Impurezas do Branco  

Confissão, Claro  Enigma 

–  A Mão SujaJosé    

Medo
Se por um lado, falo de coragem. Por outro lado, me acompanha o medo. E Drummond falou de medo sem medo, com um reconhecimento do humano que há no medo. Um presente para nossa mortalidade:

Congresso Internacional do MedoSentimento do Mundo

InimigoMenino Antigo 

Viver o presente
O tempo presente era um tempo prezado por Drummond.  Amor ao passado, interesse no futuro… Tudo isto é real, mas o presente é o que de fato temos. Sou grata por estes poemas:

Mãos Dadas, Sentimento do Mundo

– Parolagem da Vida, As Impurezas do Branco

– Mundo Grande, Sentimento do Mundo 

Consolo na Praia, A Rosa do Povo 

Amor
Entregar-se de verdade, nu, sob frio e vento. Este é o amor em que acredito eu e vejo espelhado nos versos     do meu poeta preferido.  Comovem-me particularmente:

  – Ainda que  MalAs Impurezas do Branco 

AmarClaro  Enigma 

O Amor Antigo, Amar se Aprende Amando 

No final de tudo, consolo-me um pouco com  palavras dele mesmo, do menos badalado “Farewell“:

Liberdade
O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre
é mesmo estar morto.

C.D.A.

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