Para Cláudia Ferrer
“As palavras que podem curar passam antes pelo coração” (Omar Sei Shah)
Uso as palavras para destilar sentimentos. A enormidade das coisas é impossível de digerir.
Faço da palavra peneira, lâmina de fatiar, suco gástrico.
Palavra medicinal, ajudando-me a dar sentido ao que é sentido. A elaborar o labor. A adorar a dor.
A palavra é meu guarda-chuva, meu algodão, minha sedacetim.
Prazer e consolo, refúgio sempre.
Palavras-bálsamo para entender o que é inexplicável e aceitar o que não posso entender.
Palavras-compressa. Palavras sem pressa, gota a gota homoempática no meu coração.
Uso palavras-asas e palavras-concha.
Teço bordados e desfaço laços sob sua proteção.
A palavra me cura, me impulsiona, me ajuda a dar o próximo (maldito) passo.
A palavra me suaviza, me diverte, me faz rir da pena.
Sinto coisas que não tem nome e ainda assim uso palavras para descrevê-las.
Palavra-tampa, palavra-salto, palavra, palavra, palavra.
Faço da palavra sal e açúcar para temperar a vida, ora azeda, ora amarga. Ora, pura oração.
Banho-me em palavras, respiro-as.
São alimento, oxigênio, água.
Só as palavras me entendem.
Nossa que honra Letícia. Lindo texto sobre palavras que aquecem, que nutrem, que nos despertam. Nisso eu acredito! Um beijo Claudia Ferrer
Vamos assim de mãos dadas, inspirando-nos e nos acompanhando!