Cadeira cor de rosa (ou cor-de-rosa, compadre?)

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Acabo de vir de um encontro com uma grande amiga que sempre desperta novas ideias em mim. No caminho, mais pequenas experiências gerando a seguinte reflexão: na minha vida corporativa, especializei-me em ter uma visão abrangente (o tal “big picture”) e também a transformar uma grande quantidade de informações em um pequeno resumo. Agora me vejo inundada por “small pictures”, retalhos que costurados significam algo maior, igual, mas diferente do que era antes…
Vivi duas situações na última meia hora… Uma me gerou uma sensação de humanidade, a outra de perplexidade.
A de humanidade: comprei uma cadeirinha cor de rosa para minha filha no caminho para o metrô. Vim caminhando várias quadras com a tal cadeirinha, refletindo sobre a maravilha de poder ver os detalhes da rua e portanto estes pequenos achados… No metrô, um rapaz me perguntou onde eu havia comprado, quanto era, etc. Rapidamente, dei uma referência vaga e o valor. Antes de entrar no vagão, me dei conta que havia dado a rua errada. A simpatia do meu interlocutor, a singeleza do pedido (tem na cor azul?), algo me impeliu a subir as escadas na contramão e dar um relato bem detalhado da loja onde havia comprado o presente para minha filha. E me senti bem.
Logo em seguida presenciei um fato bizarro, mas não incomum nas minhas andanças pelo Rio pedestre. Uma composição vazia parou na frente de todos e quando abriram-se as portas, uma turba entrou correndo para sentar antes dos outros…E me senti mal. Eu fiquei em pé com a cadeirinha num trajeto curto e lugar pouco lotado. Mas pensei, o que faz as pessoas agirem como bárbaros e pensar que estão “mandando bem”? Um paradoxo que ainda não solucionei no Rio, a beleza e o horror da cultura carioca. Como eu posso ajudar a cidade maravilhosa a ter uma sociedade também maravilhosa?
Durante muitos anos, me senti “adormecida”, “entorpecida” e vivia uma vida menos real, menos nítida. Agora vejo estes detalhes em cores fortes e me delicio e assusto com eles… Mas sigo aprendendo…

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Showing 2 comments
  • Luiz
    Responder

    Perdi de ser o primeiro a comentar (o que foi bom, ou teria quebrado a precedência devida à mãe…), porque do computador do trabalho a caixa de comentários não fica ativa.
    Bom, seguindo a dica da Clarissa do vocabulário ortográfico atualizado online (http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23), é cor-de-rosa, com tracinhos. (Tá bom, hífen…)
    Como diria Fausto Fawcett, o Rio é uma cidade de cidades misturadas, Cidade maravilha purgatório da beleza
    e do caos.
    Hoje um taxista me contou que viu o bagageiro de um motoboy abrir em pleno Santa Bárbara, os documentos saírem voando, o caos. Daí um motorista de ônibus não só parou como atravessou o veículo pra bloquear a pista, desceu e ajudou o rapaz a catar os documentos. Maravilha. Ao mesmo tempo, o pessoal lá no lado de Laranjeiras devia estar xingando o trânsito e praguejando: "Estamos ficando que nem São Paulo". É isso aí: "purgatório da beleza e do caos."
    Bjs

  • Nat
    Responder

    Seja bem vinda, Letícia 😉

    Bjs,
    Nat

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