O vento da mudança

 Em coragem, filhos, gratidão, jornada, mudança

Mudar ou não mudar?
Mudança demais, mudança de menos?
Estas questões me acompanharam nesta semana.
Ouvi algo assim:  “Você está mudando demais. Saiu de São Paulo, deixou o emprego, mudou de casa, fica viajando…”.
Também ouvi: “Você agora não deixa mais nada te incomodar por muito tempo…”.
É. Está mais difícil “me acostumar”.

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Quem já provou o gosto de fazer o que quer, sofre quando tem que se conformar. Não creio ter feito nada que agredisse o espaço alheio, portanto não sinto culpa nestas mudanças. Mas tento entender o que motiva o outro a se angustiar tanto com elas…
Não sei se é mudança demais ou de menos. Sinto que foi (e é) preciso trilhar este caminho, para encontrar sentido nas coisas e na vida.
Claro que mudar cansa e tenho refletido sobre isso.  Tenho pensado mais antes de mudar, tenho repensado alguns impulsos.
Mudar é inebriante.  Por isso preocupo-me em não me perder no meio, já que o essencial é o objetivo final: viver uma vida inteira, do tamanho dos meus sonhos.

Também tenho estado atenta a apreciar o efeito das mudanças que já fiz.
Ontem, por exemplo,  tive uma pequena insônia e acabei praticando uma das reflexões do projeto “Onionvation“: imaginar o que faríamos se descobríssemos que só nos falta um ano de vida.
O resultado foi interessante.  Confirmei que estas mudanças de fato vem servindo ao propósito de uma vida mais inteira.

As minhas principais conclusões:

1) O mais importante é usufruir do tempo com meus filhos. Tenho feito bastante isso e pensei que não mudaria muito se tivesse apenas um ano. Esforçaria-me ainda mais para ter mais paciência com as  manhas e brigas. Gravaria algumas canções de ninar. E priorizaria ainda mais os momentos mágicos com eles, especialmente versus o trabalho. Mas nada que já não esteja praticando, fico grata por isso.

2) Preciso escrever meu livro.  A única coisa não fiz e seria uma prioridade neste “último ano” seria escrever o livro do Viver Mais Simples, com que tanto tenho sonhado… Meu legado, a concretização desta experiência tão profunda que venho vivendo.
Já rascunhei a estrutura, já encontrei uma pessoa amiga para ser minha editora… Já pratiquei com o concurso “Eu Amo Escrever“… Tenho recebido novos e queridos incentivadores aqui no blog…
Agora só falta por mãos à obra, minha grande meta para 2012…

3) Muitas tarefas da minha lista atual são desimportantes. Eu simplesmente as descartaria em troca de deixar “a casa arrumada”, fechar contas em bancos, arrumar as finanças e as lembranças.
Fico me perguntando se não deveria abandonar algumas delas já. Veremos.

Mas o mais importante de tudo, sem dúvida, é a gratidão por ter mudado.  Por ter me permitido tentar ser mais feliz, usar meu tempo com mais generosidade (comigo e com quem eu amo).  Por ter arriscado, errado e acertado.
Não perdi nada que não possa ser reposto.  Meu novo trabalho frutificou bastante este ano e 2012 promete   ainda mais.

As mudanças continuam.  Estou pensando em mudar de casa novamente… O meu filho irá mudar de escola, trazendo novidades para nossa rotina.

Mas já são mudanças menores.  Minha nova carreira parece com a minha nova cara.  Minha nova vida está cada vez mais nos eixos.

Os ventos da mudança estão mais mansos. Mas sim, meu coração busca sempre novos horizontes, um olhar  fresco sobre a vida. Por que necessito deste ar renovado.  Conquistei com muito trabalho os recursos para empreender este jornada. Quero velejar neste vento, rumo a um futuro mais doce, mais interessante e onde eu possa amar mais a minha vida, liberta do cansaço e das funções estéreis de uma vida corrida, de trabalho sem fim.

Reli o maravilhoso texto de Marina Colasanti, “A gente se acostuma”. Foi um dos impulsionadores para tanta mudança. E o final do texto é a razão porque abraço este vento e quero voar com ele:

“A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.”

 Marina Colasanti, 1972

Bem-vindo, vento da mudança. Você é um bom amigo.

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