Pedra Filosofal

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Sonho com uma raiva diferente.

Sinto na pele o chamuscado das labaredas altas que me habitam.
Minha raiva grita bem alto, palavras-espada, palavras-espinho.
Minha raiva tenta diminuir o interlocutor (adversário?), como se minha voz fosse um raio encolhedor.
Minha raiva não é bonita de se ver.
Sobretudo, minha raiva aperta meu coração. Rasga-me por dentro, unhas afiadas.
Minha raiva me faz sofrer.
Sonho transmutá-la.
Imagino minha raiva líquida. Ela que é a tampa da panela cheia de tristeza.
Tento praticar o atalho de mergulhar  na tristeza, sem o preço alto da raiva.
Ficar com a tristeza assim como uma velha amiga, que visita de vez em quando.
A raiva é difícil de conter, rápida, eruptiva.
Ah, se ao invés de lava, fosse mais como lágrima.
E se as lágrimas fosse como água de sabão?
Sonho um novo tipo de raiva, mais levinha, flutuando até espocar.
Imagino esta raiva-tristeza menos daninha. Menos raivosa.
A lava destilada, fazendo-se água de sabão e gerando profusas bolas transparentes, coloridas.
A mulher dona da raiva esquecida da zanga, distraída com as bolinhas no ar.
É só um sonho. Mas como é bom.
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