Um copo d'água

 Em simplificar, solidariedade

Uma grande amiga atravessa uma grave situação de doença em família.
Um casal querido perde  uma pessoa amada.
O que fazer nesta hora? O que oferecer?
Nada será suficiente, pois não posso trazer a cura nem ressuscitar os mortos.
Deparo-me com minha incômoda mortalidade, minha impotência, meu limite.
Penso em palavras, inúteis. Até  mesmo inconvenientes.
Cogito abraços. Sim, podem ser bem-vindos. Mas podem ser intimidade demais para alguém em sofrimento.
Deste lugar de humildade, invoco o viver mais simples.
E ofereço-lhes um copo d’água.

Nunca falhou.  O poder de acolhimento de um copo d’água não deve ser subestimado.
A singeleza do gesto.  O conforto de hidratar um corpo seco. A gentileza tranquila, não invasiva.
Sem agenda oculta ou conteúdo próprio, ofereço um copo d’água.
Uma forma de escuta empática, um reconhecimento de nossa humanidade comum.

Afinal, todos precisamos de água e quase sempre não a bebemos o suficiente.
O luto pode nos deixar sem fome. O choro em borbotões, sem fôlego.
Navegar por tristezas dá uma sede danada.

O coração da verdadeira empatia é oferecer não o que nos parece certo para nós e sim o que parece certo para o outro.

Portanto, quando encontrar alguém precisando de amparo e não souber o que fazer, pergunte:
“Você aceita um copo d’água?”

É, ao menos, um bom primeiro passo.

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