Exercício #3

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Há tempos já tinham esta forma de conviver: camas que se juntavam nos dias felizes e se afastavam nos dias de chuva. Nos últimos meses, andavam enraizadas em cada canto do quarto. A casa de cômodo único não permitia maior distância.
Ontem, um pequeno oásis entre tantos dias de silêncio e veneno.
Amaram-se com certa nostalgia. Os corpos tão familiares, os dedos e línguas sabendo o percurso, apesar dos caminhos empoeirados por falta de uso.
Um breve interlúdio, um fôlego no amor moribundo, aquele breve reviver antes da chama se apagar de vez.
Quando terminaram, sentaram-se no chão, de mãos dadas e olhar vazio. A paisagem melancólica dos lençóis desfeitos, a sensação de que talvez tivesse sido a última vez.
Estavam presos naquele crepúsculo do amor, quando não é ainda hora da partida, mas não há real motivo para ficar.

 

Mais um exercício da Oficina de Escrita sobre o Amor com Paula Gicovate, na Casa Inventada.

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