Exercício #4

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O barulho da chave girando na porta acorda um turbilhão no meu dentro.
Reluto em dar o passo.
Respiro.
A porta abre devagar, como foi devagar o fim do nosso amor.
Aos poucos, reconheço os espaços onde nos enrodilhávamos.
Ouço as risadas de um outro tempo.
Tudo parece opaco.
E ao mesmo tempo, esteve sempre escrito, este romance de poucas páginas.
Não sei bem o que vim buscar.
De fato, tudo parece reabrir as feridas frescas.
Me dá uma vontade de deixar tudo como está.
Um museu do amor que não foi.
Percorro distraída os cômodos onde fomos um dia felizes.
Volto para a sala e me afundo numa cadeira.
Disperso memórias como teias de aranha incômodas.
Decido não levar nada. Nada aqui me pertence.
Você nunca me pertenceu tampouco.
Saio da casa como entrei.
Bolsos vazios, cicatrizes por todos os lados, uma vaga esperança que desta vez, aprendi.

 

Exercício #4 da Oficina de Escrita sobre o Amor com Paula Gicovate, pela Casa Inventada.

O luto de uma separação
Foco narrativo: narrado personagem
É a primeira vez que você volta ao seu apartamento depois de uma separação. O que você vê? O que você decide levar?

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